21.11.07

MENDRIX BAR

Fabuloso! A vida não pára de nos surpreender, ou a realidade suplante SEMPRE a mais imaginativa das ficções!!! E ainda bem que assim é, para gáudio de todos nós.
Se me dissessem que um dia o meu amigo de há quase 30 anos, Filipe Mendes, espantoso guitarrista, músico, compositor, solista, letrista, one-of-a-kind, e mais conhecido nos latest years, pela sua colaboração com os Ena Pá 2000, por Phil Mendrix, haveria de abrir um bar-concerto, eu achava que...mmmmmmmm.....não, o Phil não, não o vejo no papel de bartender...
Mas... aí está como nos enganamos redonda, quadrada e piramidalmente!!!!

Ainda tenho gravações em duo com ele, a tocarmos, imaginem, temas como o "Nature Boy", "Fever", entre outras, e se lhes contar que ele já integrou o Azul Index, e tocou, live, temas de McCoy Tyner, Sonny Rollins, Miles Davis? Puro Jazz!! E nos anos 80, com o 4teto Transatlântico, tocamos no Hot Club com um "pedal" tremendo, de tal forma que a gerência da altura confessou-nos que só tinham assistido a um concerto com uma "garra" semelhante, na história daquela sala da Pr. da Alegria, e fora com a banda do Phillipe Catherine (deve ser dos Phil's...).
Bom, aqui ficam as felicitações e desejos de longa vida para o Mendrix Bar e, claro está, para o seu lendário proprietário, um dos maiores músicos com quem tive a honra de tocar...
That's my Man! http://mendrixbar.blogspot.com/

1.7.07

RAÍZES MUSICAIS PORTUGUESAS NO SAMBÃO E NAS MARCHAS AMERICANAS




A importância de dois portugueses no desenvolvimento de algumas tipologias musicais importantes, na musicologia da humanidade.



JOSÉ PEREIRA




Todos os Portugueses conhecem, decerto, os tocadores de bombos, que são uma presença imprescindível nas festividades populares, tendo sido inclusivé retratados em alguns quadros do pintor portugês Malhoa. Normalmente aparecem associados aos Gigantones, que são personagens do imaginário Lusitano, e que são representados nas marchas e desfiles populares por um ou dois figurantes (montando um sobre as costas do outro - às "cavalitas" -como se diz em Português), e ostentando uma "cabeça" artificial, normalmente feita de pasta de papel, mas que também pode, em certos casos, ser esculpida em madeira, e que tem umas dimensões exageradas, e um "fácies" ou expressão algo diabólica, ou pelo menos algo louca.
Mas sobre este termo, Zés-Pereira, existe um vasto desconhecimento acerca da sua origem.





Quem foi José Pereira?
Segundo jornais e publicações da época entre os anos 15 e 20 do século XX, um tal de José Pereira, alfaiate de profissão, nascido no Minho, tocador de bombo (aqui nem bombeiro nem bombista servem como adjectivo) no grupo folclórico da sua terra natal, emigrante no Brasil, num belo dia de carnaval (provavelmente sob a influência da ingestão de "cachaça", dado que os portugueses são reconhecidos pela sua timidez e receio de exposição pública...), resolveu, influenciado também por alguma nostalgia ou saudade da região que o viu nascer, ir para a rua com o seu bombo, marcando nele uma figura rítmica bem portuguesa: o malhão.
A notícia assinala ainda que, dançando, várias pessoas se lhe foram juntando, e muitas delas ostentavam e faziam soar vários utensílios domésticos, desde testos de tachos a panelas, tocados com colheres de pau, a latas e recipientes diversos contendo desde feijão, grão de bico e arroz a sementes secas ou gravilha, para servir como maraca, afochê, xequere, ou outros tipos de instrumentos de percussão similares. Entre estas pessoas encontravam-se vários emigrantes e descendentes de antigos escravos africanos, mormente originários de Angola, onde existe um género musical étnico de nome semba, e à base rítmica de marcação do malhão que Zé Pereira executava, nos graves, acrescentaram a polirritmia africana, dobrando e desmultiplicando o ritmo base, com contatempos, acentuações, e outras figuras rítmicas africanas.



Esta é a primeira vez que existem registos de uma marcha popular (neste caso completamente espontânea) ter percorrido as ruas, durante o período do carnaval, numa localidade brasileira.
Estas notícias acabaram por chegar a Portugal, e os seus ecos resultaram numa designação popular e espontânea, que passou a referir-se e a designar qualquer tocador, não só de bombo, mas de um qualquer outro membrafone de percussão que fizesse parte de um rancho ou grupo musical folclórico (se não gostam do termo, de música étnica - folclórico vem de folk = povo).
Assim, malhão + semba = sambão, ou, uma palavra derivada, samba.
Deste modo, a música portuguesa está bem nas origens da música brasileira, que não parou de se desenvolver, e na qual podíamos também incluir a influência directa que o fandango do Ribatejo exerceu sobre o frevo Brasileiro.






















JOÃO FILIPE DE SOUSA




Um outro emigrante Português - neste caso filho de emigrantes - irá ter um papel preponderante na história da música popular do "novo mundo", como foi designado o continente americano durante alguns séculos, e desta vez na américa do norte. Neste caso, bem mais conhecido (e reconhecido), estamos na presença de um indivíduo que teve estudos musicais, tendo chegado a exercer profissionalmente, contrariamente ao caso de José Pereira, como regente, maestro e notabilizado compositor, e foi curiosamente, contemporâneo dele. John Phillip Souza, ou João Filipe de Sousa, é considerado, pela maioria do povo dos Estados Unidos da América, como o autor das marchas populares e composições que melhor encarnam a "alma" e o "espírito" americano. Não deixa de ser novamente curioso, se pensarmos que é um Português, e não um compositor com raízes Irlandesas, Inglesas, Francesas, nem qualquer outra origem europeia... Qualquer das suas criações são incontornáveis em qualquer parada, tatoo, circo, ou desfile que integre uma marching band, não só nos EUA, como em quase todo o mundo.
Mas o seu lugar na história e musicologia não se fica apenas por aqui, pois foi também o inventor de alguns instrumentos musicais, sendo o mais conhecido, e que transporta o seu nome, o Sousafone, que pertence à família dos metais (brass), e foi criado para reforçar (e substituir) o papel até aí desempenhado pela Tuba, que não detinha as características de intensidade no registo dos graves, necessárias para desempenhar eficazmente a emissão sonora das notas graves, nas condições acústicas existentes durante as marchas ao ar livre, nas ruas de uma cidade, por exemplo. Assim, aquele instrumento que dá umas voltas circundando o executante, antes de desembocar numa larga e circular campânula situada acima da sua cabeça, é o "souzaphone" de que falamos.
Deste modo, os Portugueses e a sua criação musical estão "gravemente" (tanto o bombo como o sousafone têm como função a marcação dos graves...) inseridos nas raízes de tipologias musicais bem populares e que não só estão na origem, como desempenharam um papel relevante para o desenvolvimento do samba, da bossa-nova, do ragtime e do jazz.








As nossas raízes culturais, e neste caso musicais, que são normalmente algo menosprezadas e ignoradas pelos Portugueses, merecem uma nova avaliação, 3 décadas passadas sobre a instauração da Democracia.
Existe um trabalho de divulgação e consciencialização a ser feito entre a população deste cantinho à beira mar plantado, que atravessa uma fase de uma certa quebra de auto-estima e descrédito acerca das suas potencialidades e papel na civilização humana. E, podem crer, nem sou propriamente o que se pode apelidar de um "patriota", mas penso que somos bem melhores do que este nosso povo de saudosistas e poetas se tem vindo, com o tempo, a convencer...




Rui Azul

31.3.07

Rui AZUL INDEX - História do Jazz - próximos concertos

HOT FIVE - terça, 24 Abril (ou segunda, 30 Abril) 23:45 h - Porto
HOT FIVE - quinta, 3 Maio (em duo - Alex Rodriguez + Rui Azul)
CONTAGIARTE - sexta, 4 Maio, 23:30 h - Porto
QUEIMÓDROMO - espaço CINE-JAZZ - sábado, 5 Maio, depois das 00:00 h - abertura da Queima das Fitas - Porto

30.3.07

Portugal Jazz - Festival Itinerante de Jazz



Foi apresentada oficialmente no CCB uma iniciativa extremamente louvável, estrategicamente pertinente nos seus conceitos e objectivos fundamentais, e fruto certamente de uma arguta e correcta perspectiva e visão alargada do estado de situação e desenvolvimento do Jazz no nosso país.

Já me pronunciei acerca do assunto, tanto aqui, como em outros sites e blogs, e era indispensável criar hábitos culturais em vários sectores da sociedade, nomeadamente entre os jovens urbanos e entre a população activa habitando fora dos grandes centros ou em zonas mais afastadas da faixa litoral. O JAZZ apresenta-se, pelas suas características de expressão musical universalista, pelo crescente número de praticantes, estudantes, festivais, e outros apontadores que cresceram em exponencial desde finais dos anos 90, em Portugal, como um dos produtos culturais com aptência inata para cumprir um papel relevante na criação e consolidação de novos públicos e na introdução e fixação dos tais hábitos de consumo regular de cultura entre os Portugueses, que, como já é habitual, apresentam dos mais baixos índices europeus de consumo de arte e cultura.

As razões são várias e entre elas está a ausência do ensino musical desde a escola primária; as taxas e impostos sobre os instrumentos musicais (ferramentas essenciais para se poder sobreviver como músico profissional...) equiparados a artigos de luxo; o IVA sobre os discos é superior ao que se aplica aos livros (porquê? um livro é cultura, um disco já não??); as playlists e desrespeito sobre a lei da percentagem de música portuguesa a passar na Rádio; o arcaico e estúpido conceito que os músicos estrangeiros são sempre melhores que os músicos nacionais, débil e insuficiente apreço pelos artistas "da casa" (tal como os santos, não fazem milagres? só existe excepção no caso dos jogadores de futebol, o que confirma a regra); a baixíssima auto-estima que grassa actualmente entre nós, e a que os baixos salários não são alheios, pois onde desencantar recursos para o bilhete do concerto, ou da entrada no clube de Jazz, se antes do final do mês o bolso já se esvaziou? - por outro lado, as discotecas e dance houses estão a abarrotar e reproduzem-se como baratas, e os disc-jockeys, vulgo dj's, ganham 5,6,10 vezes mais que os músicos - (gostaria que qualquer universitário pelo menos pudesse encaixar uma regra simples: de 3 em 3 noites de disco, 1 passava a ser destinada a: 1 concerto, ou 1 ida ao teatro, ou 1 visita a exposições de arte, ou mesmo 1 ida ao cinema, e, por favor, 1 ida a um clube de Jazz, ou café-concerto, ou música ao vivo... mas estou a sonhar acordado... ).

A iniciativa a que me refiro, ou seja, levar o Jazz, e preferencialmente, o Jazz praticado por músicos de Jazz Portugueses, que estão perfeitamente ao nível dos restantes europeus e americanos, (isto, dito pelos públicos e especialistas europeus e americanos, não se trata de auto-avaliação), a percorrer todos os municípios nacionais, com intuitos divulgativos, formativos, e criadores dos tais hábitos que acima descrevo. Não se confinando a uma edição, mas propondo uma periodicidade anual. Assim, várias zonas do país habitualmente arredadas de eventos jazzísticos, vários grupos e músicos portugueses de Jazz, terão ocasião de se encontrarem frente a frente, e, de um modo interactivo, partilharem aquilo que produzem e receberem aquilo de que carecem, porque o espírito também se alimenta, e fazer com que se ouça cada vez menos aqueles lamentos do tipo: - « Jazz? Hhhmmm... sabe, num sei se gosto... é que não percebo muito bem aquilo que eles estão práli a tocar, parece que tocam uns para cada lado... é..., não não gosto lá muito dessas músicas lá do Jazz, ou lá o que é.... », ou « Jazz? Ui, é muito chato, aquilo é só para intelectuais, é uma seca do caneco, para mim...»

Parafraseando Vasco Santana: - Jazzes há muitos, ó seu...

Por isso aplaudo a iniciativa, e estou disponível para explicar os diversos Jazzes, como acontece o diálogo entre os diversos instrumentos, enfim, quero ajudar a trazer para o Jazz mais apreciadores, plantar sementes de curiosidade e fomentar a abertura de espírito para passarem a perceber mais aquilo que ouvem. Na adolescência, só gostamos de bife com batatas fritas, o gosto evolui, mais tarde... ninguém gosta de cerveja ou de whisky da primeira vez que se prova... ninguém nasce ensinado...

Penso que os músicos têm responsabilidades, enquanto agentes socio-culturais, e algumas delas são o didatismo, a divulgação, a formação do gosto e da capacidade de fruição da Arte. Ou, se quiserem, empenharem-se em ensinar ou mostrar pistas para que cada vez haja mais pessoas a tirarem prazer através da audição de música tocada ao vivo. Jazz, neste caso.

Bravo pela iniciativa lançada, cujo logotipo encabeça este post, e que se chama PORTUGAL JAZZ - FESTIVAL ITINERANTE DE JAZZ.

mais info em:

http://www.portugaljazz.org/

24.2.07

JUZZ'T JAZZ : new jazz page

New Jazz page:

• HISTÓRIA DO JAZZ
• ESTÉTICAS DA IMPROVISAÇÃO
• ESTILOS & TIPOLOGIAS
• ACTOS & FACTOS
• IMAGENS & SONS
• ARTE & SOCIOLOGIA
• IDEIAS, CONCEITOS, DADOS
& INFORMAÇÕES APONTADAS
COMO SENDO APENAS DO FORO DE CONHECIMENTOS ESPECIFICOS PARA MÚSICOS MAS QUE TODOS OS QUE APRECIAM JAZZ, BLUES E TIPOLOGIAS AFINS TAMBÉM DEVERIAM SABER,

ou, parafraseando Woody Allen:
EVERYTHING YOU ALWAYS WANTED TO KNOW ABOUT JAZZ'n BLUES'n FUNK'n IMPROVISATION'n WORLD CREATIVE MUSIC BUT WAS AFRAID TO
ASK QUESTION TALK THINK CONSIDER DOUBT LOOK COMPARE AVALIATE FEELSEE TRY PAINT EXIBIT WRITE DRAW GRIN PHONE SWALLOW SNIF PHOTOFILM SMELL TASTE TOUCH CRY POINTLAUGH EXPOSE LISTEN DREAM EXPLORE JUMP DANCE SWIM DRIVE COOK LICK DIG CHANGE DRINK PLAY EAT WEAR LOVE

27.1.07

AZUL NEWS

A acção decorrente neste gélido início de ano está repartida, no que diz respeito à minha participação em projectos colectivos, entre:

a manutenção do recém nascido JAZZ WORKSHOP - a jam multimedia blog session, que conta já com 16 membros em apenas 3 semanas de actividade, 2 standards lançados
- C Jam Blues (Duke Ellington) e Mack The Knife (Kurt Weil / Berthold Brecht) -
e em que o Blues conta já com 3 solos: sax tenor, alto e clarinete. Precisamos de colaborações nas diversas áreas da criação, desde o texto à fotografia, do video ao cartoon, desde o slide-show ao teatro radiofónico, and so on...Visitem-no em http://jazz-workshop.blogspot.com

participação no novo trabalho discográfico dos TRABALHADORES DO COMÉRCIO, entitulado "Iblussom", a sair dentro de um par de semanas, no qual toquei riffs e solos de sax tenor e flauta, no tema Loucu (birtual), e ilustrei as páginas centrais do cd com uma 'charge' da ceia de Cristo, só que o próprio está ausente, e apóstolos somos uns 23, nomeadamente, e para além dos 5 membros da banda, todos os colaboradores convidados, entre os quais estão o R. Veloso, vários músicos espanhóis, Diana Basto, as Vozes da Rádio (são 4 querubins alados a sobrevoar a longa mesa), o (este) Azul, e mais gente que desenhei, mas não lembro os nomes e não conheço pessoalmente, can you imagine?... http://www.trabalhadoresdocomercio.org/

gravação do novo disco da MINNEMANN BLUES BAND, agendada para as próximas semanas, com originais e também blues tradicionais, que aguardo com entusiasmo, pois a banda está num 'pico' de forma, e é urgente editar um cd para passarmos to the 'next level'. A propósito, existe a cobertura da nossa participação no 'Simply Blues' Festival, com crítica e várias fotos no site espanhol: http://www.canedorock.com/sympleblues_minnemann_06.htm
(nuestros hermanos fazem aquilo que a comunicação social portuguesa teria responsabilidade em fazer... no es verdad?). Eis algumas imagens:




Podem ouvir excertos dos temas, gravados live no festival e inseridos na playlist do media player no topo superior direito desta página, como: I Was Stealin', Take Me Back, Catfish.

23.1.07

O Saxofone de Blues, Rhythm' nd Blues & Rock'n Roll (1ª parte)

Até fins da década de 1930, escreve o historiador de jazz Whitney Balliett, "não era fácil aspirar a ser saxofonista profissional…Havia poucas escolhas…acerca da direcção a tomar." A sonoridade do saxofone não seduzira, até então, o público em geral, que a achava agreste e áspera, voltando as suas preferências para o doce clarinete, mais melodioso e romântico. Pelo menos assim tinha sido durante os loucos anos 20, e influentes músicos do "early jazz", como "Rudy" Wiedoeft, ajudaram a popularizar o saxofone usando um sax C-Melody, e só então, pelos finais dos anos 30, é que aquele "novo" instrumento de sopro tinha finalmente caído no gosto generalizado (recordo que o belga Adolphe Sax desenhara-o apenas em 1846, ao contrário do clarinete, que datava da segunda metade do séc 18, e com lugar cativo no seio das orquestras de clássica.)
É então que os seus primeiros "grandes especialistas", como Coleman Hawkins, Lester Young e, mais tarde, Charlie Parker surgem em cena.
Coleman Hawkins, "agressivamente", numa enorme tonalidade gutural, improvisando sobre arpejos de acordes, com uma abordagem rítmica 'quaternária'.
Lester Young navegava numa rota distinta, sem agressividade, de tonalidade suave com notas sustentadas e prolongadas e com uma estética melódica encaixando perfeitamente na "new coolness" de Billie Holiday e do pianista Teddy Wilson, da orq. de Benny Goodman.
Um louvor especial está reservado para Ben Webster (teve como primeiro professor o pai de Lester Young) e a sua grandiosa sonoridade lírica…continha uma aveludada e envolvente qualidade, que nos tocava emocionalmente, de uma forma que Hawkins e Young, apesar da sua genialidade, raramente logravam alcançar.
Charlie Parker simplesmente "explodiu", desencadeando arpeggios passionalmente a ritmos alucinantes, repletas de "avalanches de semi-colcheias".
Cada um desses músicos irá influenciar as gerações seguintes de saxofonistas que, nos 40's e 50's, irão modificar o mundo da música para sempre. A abordagem de Coleman Hawkins ajudou a desenvolver os timbres sonoros e discursos de Lee Allen e Red Prysock;
King Curtis e Illinois Jacquet, evidenciavam o sentido rítmico de Lester Young;
Joe Houston definiu Charlie Parker como pricipal fonte, enquanto Jimmy Forrest nutria uma notável admiração por Ben Webster.
O denominador comum a todos eles era - BLUES.
«Os blues não começaram no Norte…mas sim no Sul e tiveram origem em situações de opressão e sofrimento, devendo-se à solidez de carácter do povo que o expressou performaticamente e o tocou e transformou naquilo que ele é actualmente.» - Joe Louis Walker.
Muitos saxofonistas de jazz foram, e são, grandes blues men, como por examplo: Johnny Hodges, Hank Crawford, Stanley Turrentine, Gene Ammons, Al Sears, David "Fathead" Newman, Dexter Gordon, Charlie Parker, Eddie Cleanhead Vinson, ou Cannonball Adderley.
Mesmo em saxofonistas que endereçaríamos para estilos dissemelhantes, como os casos de Stan Getz, Archie Shepp ou Paul Desmond, não é raro encontrar Blues inseridos em discos seus, ou serem incluídos entre os temas tocados em concertos ao vivo.
Uma destaque especial deve assinalar Sidney Bechet, um pioneiro importante do saxofone de jazz, descrito por Duke Ellington como "o verdadeiro epostulado do jazz". Os blues de Bechet exalavam uma atitude sonora, em temas como 'Blue Horizon', que constituíu uma influência procriadora em diversos instrumentistas, com destaque para Johnny Hodges.
Os estilos de Blues evoluíram e modificaram-se através dos anos, mas estruturando-se invariavelmente sobre o 'velho' blues standard de 12 compassos, que remonta ao início do séc. 20 (passe o exagero comparativo, um pouco tipo o que aconteceu com o automóvel, que desde o Ford T tem vindo a metamorfosear-se, embora mantenha um chassis, 4 rodados e 1 volante).
À medida que os músicos foram fazendo experiências, após a 2ª Guerra Mundial, e durante os anos 50, os blues adquirem características regionalizadas, afastando-se das raízes acústicas tradicionais enunciadas por músicos como Robert Johnson e Son House.
O Texas Blues tornou-se baseado nos sopros e metais. Em Chicago, o blues "urbanizou-se", com um incremento dramático na sua popularidade, à medida que músicos como Muddy Waters incorporaram as guitarras eléctricas e a harmónica.
Contudo, o destino havia reservado uma posição assinalável para os estilos de saxofone da costa leste, o Swing Blues e o Jump Blues.
O dia 26 de Maio de 1942 revelar-se-ia um ponto de viragem. Durante uma sessão de gravação para a Decca records, o saxofonista tenor Illinois Jacquet deu passos inovadores e acendeu o rastilho que desencadeará e alimentará uma verdadeira revolução, com o seu embrionário e apelativo solo de 64 compassos no tema 'Flying Home', de Lionel Hampton. Enquanto esse solo ateou a faísca, foi a "incrível e uivante" performance de Illinois Jacquet no "Jazz At The Philharmonic Concert" de 1944 que incendiou a criatividade de uma inconformista geração de saxofonistas que estiveram na base geradora de uma música inquieta, frenética e alucinante, dirigida pelo sax, (que expunha e assumia a liderança, conduzindo toda a banda ao clímax) e que veio a ser apelidada de "Rock n' Roll".
=== alguns exemplos audio de extractos de King Curtis e Junior Walker ==
Artistas do Swing Blues, como Louis Jordan (uma inspiração nuclear para Sonny Rollins, entre vários outros) tomavam de assalto as tabelas de vendas e de audições com canções como 'Caledonia' e 'Choo Choo Boogie'. em 1947, o hit explosivo 'Good Rockin' Tonight' de Wynonie Harris (com Hal Singer em sax tenor), lançou um som "rocking" nos blues (apresentando um acompanhamentorítmico com palmas, criando um ritmo "rockeiro", recorrendo a uma das características intrínsecas da música gospel e dos espirituais), é agora reconhecido como tendo sido o seio gerador do Rock n' Roll. Em seguida, o sax tenor Wild Bill Moore lançou "We're Gonna Rock" and "Rock and Roll".
Arnett Cobb foi entitulado de "Wild Man of the Tenor Sax", com singles como "Dutch Kitchen Bounce", e brilhantes saxofonistas de Jump Blues como Big Jay McNeely e "Mighty" Joe Houston, bem inclinados para trás ou mesmo de costas assentes sobre o palco, banhados por projectores intermitentes e strob-lights, conduziram plateias deliciadas até transes e delírios frenéticos com solos explosivos, fazendo irromper roncos, uivos e gritos sibilantes dos seus cintilantes 'horns'.
«Para mim isso não existe, distinção entre música negra e música branca. Se escrevermos notas num papel, o que é que obtemos de uma nota musical? Obtemos negro e obtemos branco . Por isso, a música mais fantástica de sempre que alguma vez o mundo inteiro ouviu ou conheceu, é feita por músicos negros e por músicos brancos, em conjunto, e são os blues. O Blues nasceu negro, mas agora já não. O Blues pertence ao Mundo! Blues music faz parte de todos, actualmente, é universal. É uma parte da nossa alma. Aprendendo, estudando e descobrindo o que é a Música, apercebemo-nos então que é algo que está profundamente inserida em nós, é pelo menos isso. Chamamos-lhe Blues, e está no cerne e na origem de toda a Música.» - Rufus Thomas
(fim da 1ª parte)
Rui Azul

12.1.07

Pedro Taveira gravado 'live' em 91

Tema: Azul Blues (R. Azul) - gravado ao vivo durante ensaio para um programa da RTP 1 (1991); Pedro Taveira - dr / Alberto Jorge - b / Silvério - p / Paulo Pinto - g / Rui Azul - sax t. Já(zz) lá vão uns bons anitos, e gostava que notassem o fantástico "drive" que o Pedro Taveira, (entretanto falecido, para grande mágoa nossa, os que com ele tocaram e conviveram e que mantém viva a sua memória e o seu legado excepcional transmitido pelo seu talento rítmico que o tornaram lendário). Um dos poucos músicos portugueses que, pelas suas qualidades inquestionáveis, conseguiu obter uma enorme e consensual admiração e um apreço de tal modo generalizado que abrange sucessivas gerações de músicos e profissionais ligados às artes e ao espectáculo, desde jornalistas a operadores de som e imagem, e claro, por todos os amantes da música que alguma vez o tenham visto e ouvido... Tocou numa memorável jam com Thelonious Monk! Sim, ouviram bem.!.. mas um destes dias conto esse happening... De momento, aqui fica a minha homenagem ao meu amigo, the greatest drummer we ever played with...



10.1.07

Timidez com o sexo oposto? Dores de cabeça? Toque saxophone!



Desde aumentar o seu nível de popularidade, sucesso with 'the Ladies', curar dores de cabeça, acalmar os nervos, tudo isso se consegue comprando um saxofone. E nem sequer precisa de ter qualquer tipo de talento musical! O Jimmy Dorsey está ali são como um pêro... Parece é que pode ter alguns efeitos secundários e ficar-se um pouco parecido com o Al Jolson... Porque é que pensam que o Michael Jackson nunca quiz ser saxofonista?...